O futebol de cegos tem reservado algumas das maiores emoções para os brasileiros em Jogos Paralímpicos. Até Paris, o Brasil havia vencido os cinco torneios desde que a modalidade foi incluída em Atenas 2004. O hexa, no entanto, terá de ficar para Los Angeles 2028 depois da derrota na semifinal para a Argentina. Mas o país ainda tem a chance de subir ao pódio da competição se vencer a Colômbia na disputa pelo bronze, neste sábado, a partir das 12h30.
Disputado por atletas do sexo masculino com deficiência visual – exceto o goleiro – o futebol de cegos é jogado em uma quadra de futsal adaptada em um campo de grama sintética. As bolas possuem guizos que fazem um barulho para orientar os jogadores em campo. Além disso, um membro da comissão técnica fica atrás de cada gol, atuando como chamador. A função dele é orientar os atletas da sua equipe.
A participação do futebol de cegos nos Jogos Paralímpicos aconteceu, pela primeira vez, em Atenas 2004, quando o Brasil foi o campeão ao superar, nos pênaltis, a Argentina por 3 a 2. A seleção brasileira possui mais quatro títulos paralímpicos: em Pequim 2008, em Londres 2012, na Rio 2016 e em Tóquio 2020, quando o time verde-amarelo bateu novamente a Argentina na final, por 1 a 0.
Além dos títulos, o Brasil foi a primeira equipe a marcar um gol em Jogos Paralímpicos. O autor do feito foi o atleta Nilson Silva, que morreu em 2012.
O jogo é dividido em dois tempos de 15 minutos, com 10 minutos de intervalo. Os atletas possuem três guias para orientá-los: o goleiro, que é o único jogador sem deficiência visual, o chamador e o técnico. Os quatro jogadores de linha jogam com vendas nos olhos para evitar que os atletas com baixa visão (cegos parciais) levem vantagem em relação aos atletas cegos totais.
A quadra de grama sintética possui uma banda lateral, que é uma barreira feita de placas de madeira que se prolonga de uma linha de fundo à outra, com uma oscilação de 1 metro a 1,20 metros de altura e uma inclinação não superior a 10 ° para o exterior. O intuito da presença das bandas é evitar que a bola saia em lateral, a não ser que seja por cima delas.
Os atletas de futebol de cegos são divididos em três classes que começam sempre com a letra B (blind, cego em inglês). Nos Jogos Paralímpicos, porém, competem apenas os da classe B1, que são os cegos totais ou os que têm percepção de luz, mas não são capazes de reconhecer o formato de mão a qualquer distância.
Os atletas de futebol de cegos são divididos em três classes que começam sempre com a letra B (blind, cego em inglês). Nos Jogos Paralímpicos, porém, competem apenas os da classe B1, que são os cegos totais ou os que têm percepção de luz, mas não são capazes de reconhecer o formato de mão a qualquer distância.
A bola possui guizos, necessários para a orientação dos jogadores dentro de quadra. Por isso, há necessidade de silêncio durante o andamento da partida. Através do som emitido pelos guizos, os jogadores podem identificar onde a bola está e de onde ela está vindo, e podem conduzi-la.
Os jogadores são obrigados a falar a palavra espanhola “voy” (“vou” em português) sempre que se deslocarem em direção à bola, na tentativa de se evitar choques. Quando o juiz não ouve a palavra, marca falta contra a equipe cujo jogador não disse “voy”.
O chamador fica atrás do gol adversário orientando o ataque de seu time, dando a seus atletas a direção do gol, a quantidade de marcadores, a posição da defesa adversária, as possibilidades de jogada e demais informações úteis. É o chamador que bate nas traves, normalmente com uma haste de metal, quando vai ser cobrada uma falta, um pênalti ou um tiro livre.
Contudo, diferentemente do técnico e do goleiro, o chamador não pode falar em todos os pontos da quadra, e sim quando seu atleta estiver no terço de ataque. Este terço é determinado por uma fita (marcação) que é colocada na banda lateral, dividindo a quadra em três partes: o terço da defesa, onde o goleiro tem a responsabilidade de orientar; o terço central, onde a responsabilidade é do técnico, e o terço de ataque, onde a responsabilidade da orientação é do chamador.
De modo geral, as regras são as mesmas utilizadas no futsal convencional. No futebol de cegos, há uma pequena área de 5,82m x 2m de onde o goleiro não pode sair para realizar defesa nem tocar na bola. Outra regra importante é que, a partir da sexta falta, é cobrado um tiro livre da linha de oito metros (duplo-pênalti) ou do local onde foi sofrida a falta. O tamanho do gol é de 3,66m x 2,14m.
Ao contrário do futebol de campo e do futsal convencionais, o futebol de cegos deve ser praticado em um ambiente silencioso. A torcida, bastante desejada nesta modalidade, deve manifestar-se somente quando a bola estiver fora do jogo. Exemplo: na hora do gol, em faltas, linha de fundo, lateral, tempo técnico ou qualquer outra paralisação da partida.