TDAH

Tecnologia e Inclusão: como a Inteligência Artificial está transformando a educação de alunos atípicos.

Crianças e adolescentes apresentam espetáculo “Felicidade é Questão de Ser” no Teatro Sesi. Samuel Bonifácio.

A sala de aula é um ambiente dinâmico e desafiador, onde professores lidam diariamente com a missão de transmitir conhecimento para alunos com diferentes perfis, ritmos de aprendizado e necessidades específicas.

A busca por um ensino que contemple essa diversidade ainda enfrenta barreiras estruturais e metodológicas, tornando a inclusão um dos maiores desafios da educação contemporânea.

Cada aluno traz consigo uma maneira única de aprender, e no caso de estudantes neurodivergentes — como aqueles com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), dislexia, síndromes, entre outras condições — a necessidade de adaptação torna-se ainda mais evidente. Muitos professores precisam equilibrar o ensino de conteúdos tradicionais com estratégias pedagógicas diferenciadas, mas frequentemente encontram dificuldades para acessar metodologias e recursos adaptativos que realmente funcionem na prática.

Além dos desafios individuais, o número elevado de alunos por turma, a carga administrativa extensa e a pressão para cumprir conteúdos curriculares dificultam ainda mais a personalização do ensino. Sem suporte adequado, professores precisam improvisar métodos para tornar as aulas mais acessíveis, enfrentando uma realidade que exige criatividade, resiliência e constante aprendizado para atender às diversas necessidades educacionais.

Um estudo apresentado no último Congresso Nacional de Educação (CONEDU) destacou o papel das tecnologias digitais na educação inclusiva e os desafios enfrentados por professores na adaptação de conteúdos para alunos com necessidades específicas. Segundo a pesquisa, dispositivos eletrônicos e ferramentas de inteligência artificial podem ser aliados nesse processo, desde que sejam bem integrados ao planejamento pedagógico.

Com o avanço da inteligência artificial e das soluções digitais, novas ferramentas vêm sendo desenvolvidas para apoiar os professores na adaptação dos conteúdos e proporcionar uma experiência de aprendizado mais personalizada para cada aluno, ampliando as possibilidades da educação inclusiva.

EduFlex, startup focada na inclusão escolar, surge como um exemplo de inovação ao desenvolver uma solução baseada em protocolos de avaliação próprios que guiam o professor na identificação do perfil do aluno e suas necessidades educacionais. A partir disso, gera documentos norteadores, como o PEI (Plano Educacional Individualizado) e currículo adaptado, com objetivos a curto, médio e longo prazo. Seguindo então com a geração de atividades adaptadas e personalizadas com o uso da Inteligência Artificial.

Em parceria com a Performa_IT – empresa full service provider de soluções tecnológicas, referência em transformação digital e inteligência artificial – que desenvolveu uma IA para a plataforma, os professores têm acesso à conteúdos personalizados de forma automatizada, garantindo que o ensino seja acessível e alinhado às necessidades individuais dos estudantes neurodivergentes. A iniciativa reflete os avanços apontados pelo estudo e demonstra como a tecnologia pode ser aplicada de maneira concreta para ampliar a inclusão nas escolas.

Uma vivência pessoal que se tornou um projeto educacional digital

O projeto EduFlex surgiu da trajetória de Daniela Arouca como mãe e profissional. Ao lidar com a educação do próprio filho, que apresenta dificuldades de aprendizagem devido a uma síndrome, ela percebeu lacunas no modelo de inclusão adotado pelas escolas.

“Quando meu filho chegou à fase escolar, percebi que faltava estrutura e que outras famílias também passavam por dificuldades e dúvidas. Então, criei uma consultoria com um processo de inclusão, que transformei em um processo digital.”

Para Daniela, a plataforma tem um papel essencial tanto para os professores quanto para os pais:

“Como família, vejo a ferramenta como algo fundamental, pois vai dar sentido ao aprendizado do meu filho. Nós vamos entender o que ele está aprendendo e o que está precisando. Como profissional, acredito que a solução traz segurança para as famílias. Elas poderão ver e acompanhar o que seus filhos estão produzindo na escola.”

Publicado em 29/04/2025