Domingos Ketelbey Goiânia, Go – Mais Goiás
Os médicos credenciados à rede municipal de saúde de Goiânia anunciaram uma nova paralisação de suas atividades a partir da próxima segunda-feira (9). A decisão foi tomada em assembleia realizada na noite desta terça-feira (3/12). A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ainda não se pronunciou. No mês passado, o Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego) também deflagrou uma paralisação, interrompida após a Prefeitura atender às demandas.
Desta vez, as reivindicações não se limitam à regularização dos pagamentos atrasados. Os profissionais destacam a precariedade da infraestrutura nas unidades de saúde, incluindo os Centros de Atendimento Integral à Saúde (CAIS), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Entre os problemas apontados estão falta de medicamentos essenciais, condições insalubres de trabalho e insegurança nas instalações.
Além disso, os médicos denunciam a ausência de repasses ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o que compromete benefícios e direitos trabalhistas, como aposentadoria e licença médica. “Estamos há meses trabalhando em condições degradantes e sem qualquer garantia de que nossos direitos sejam respeitados”, afirmou um médico presente na assembleia, que preferiu não se identificar. O Sindicato disse que se manifestaria oficialmente ainda nesta quarta-feira (4/12).
Outro ponto central das queixas é a falta de segurança nas unidades de saúde, que têm registrado episódios de violência contra os profissionais e usuários. “Não é possível prestar atendimento de qualidade quando há risco constante de agressão”, comentou uma médica que atua em uma UPA. A ausência de medicamentos também foi amplamente discutida. “Sem insumos básicos, a população não recebe o atendimento adequado, e nós ficamos de mãos atadas. Isso é desumano”, desabafa.
Paralisação dos médicos acentua crise na saúde em Goiânia
A nova paralisação acontece num contexto de crise na Saúde Pública de Goiânia, que culminou na prisão do ex-secretário de Saúde, Wilson Pollara e de dois gestores da pasta, por meio da Operação Comorbidade, tocada pelo Ministério Público de Goiás.
De acordo com o MPGO, a secretaria municipal de Saúde (SMS), sob o comando de Pollara, tinha contato direto com os fornecedores da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), responsável pela gestão de três maternidades na capital, e realizava pagamentos de forma não oficial.
Pollara e os outros investigados (Quesede Ayres Henrique que atuava como secretário-executivo da pasta e Bruno Vianna, então diretor financeiro da SMS) formaram, segundo as investigações, uma associação criminosa que favorecia empresas por meio de pagamentos irregulares – e eles próprios -, desrespeitando a ordem cronológica de exigibilidade e causando prejuízos aos cofres públicos.
O esquema impactou diretamente a gestão da saúde municipal, agravando a crise no setor. Recentemente, o caos refletiu na fila das UTIs com pessoas morrendo à espera de uma vaga.
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