A doença celíaca é uma doença autoimune, desencadeada pela intolerância ao glúten, e que afeta 78 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, a Federação Nacional das Associações de Celíacos (Fenacelbra), estima que mais de 2 milhões de pessoas tenham o problema. Para chamar atenção à ela, 16 de maio é considerado o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Celíaca.
De acordo com a gastroenterologista Mariana Terra Cabral, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, os sinais dessa enfermidade são variados. “Vão desde sintomas clássicos como diarreia, dor abdominal, distensão abdominal, perda de peso, anemia e deficiência de vitaminas a sintomas menos comuns como vômitos e constipação. Existem também sintomas extra-intestinais como infertilidade, déficit de crescimento, enxaqueca crônica e dermatite herpetiforme”, elenca.
O diagnóstico da doença celíaca nem sempre é rápido, pois ela pode ser confundida com outras enfermidades. “Isso acontece devido aos sintomas variados e não específicos em alguns casos, a falta de conhecimento entre os profissionais de saúde, a demora no encaminhamento para o especialista e até mesmo devido a retirada precoce do glúten, que também atrapalha o diagnóstico”, pontua a médica. “O glúten só deve ser retirado da dieta após o paciente ter o diagnóstico confirmado de doença celíaca através de exames de sangue (anticorpos) e endoscopia com biópsia”, completa.
Glúten zero
Mariana Terra explica como se trata a doença celíaca. “O tratamento consiste na suspensão total e completa do glúten da dieta. Esses pacientes não podem ingerir glúten de forma alguma, pois ele leva à inflamação do intestino”, afirma. Dessa forma, eles deixam de comer alimentos feitos com trigo, cevada e centeio, como pães, massas, bolos, biscoitos, cerveja e alguns produtos processados como salgadinhos e temperos prontos.
No entanto, não basta só eliminar os alimentos com glúten. Os celíacos devem tomar cuidado com a contaminação cruzada. “Pode ser um problema para alguns pacientes, não necessariamente todos. Ela acontece quando um alimento sem glúten é contaminado, de forma direta ou indireta, por partículas de glúten. Pode ocorrer no plantio, na colheita, no armazenamento ou na própria manipulação dos alimentos”, ressalta a especialista.
Quem não trata corretamente a doença celíaca pode ter complicações. “Esse paciente tem um risco maior de ter tumores malignos, como linfoma e tumores do intestino delgado, além de um maior risco para osteoporose, infertilidade e alterações de crescimento nas crianças e adolescentes. A notícia boa é que após três a cinco anos de exclusão do glúten, com doença em remissão, esse risco fica igual ao da população geral sem doença celíaca”, afirma Mariana Terra.
Publicado em 14/05/2025
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