LIVRO

Livro aborda repressão da raiva feminina e seus impactos na saúde física e mental.

Em um mundo onde a paciência é uma virtude e ser uma boa menina é algo para toda a vida, as mulheres nunca têm chance de expressar o que sentem. Isso traz como consequência às mulheres quadros de depressão, fadiga crônica, fibromialgia e doenças autoimunes. E por um simples motivo: elas estão com raiva; é o que afirma Jennifer Cox, psicoterapeuta e cofundadora do movimento Women Are Mad (WAM), em “As Mulheres estão com Raiva”, livro que chega ao Brasil pela Editora Cultrix.

Com mestrado em neurociência, seu consultório de psicoterapia em Londres tem fama internacional e é especializado no tratamento de mulheres e na questão da raiva não diagnosticada. Jennifer aponta em seu livro que tudo está nas bases da construção da feminilidade desde o berço. Ela ainda traz dados perturbadores, onde mostra o que as mulheres sofrem em cada etapa da vida: Meninas enfrentam as normas sociais – pelas roupas, brinquedos e tudo mais; garotas são vistas como objetos sexuais e criticadas por causa do corpo; mulheres, por conta da maternidade e as expectativas de carreira; e as idosas quando os médicos e profissionais de saúde costumam ignorar suas queixas.

Com uma linguagem clara, franca e direta, “As Mulheres estão com Raiva” mostra como a raiva feminina é sistematicamente abafada pela cultura patriarcal, que muitas vezes promove a ideia de que devem ser gentis, pacifistas e compreensivas, e explora como essa repressão impacta negativamente o bem-estar emocional, psicológico e físico das mulheres.

Jennifer argumenta que a raiva é uma emoção humana normal e válida, essencial para a proteção de direitos e para a expressão de muitas necessidades, e desvenda mitos que associam a raiva exclusivamente a comportamentos destrutivos. Esse sentimento pode ser, sim, uma resposta legítima a injustiças e opressões, onde a raiva feminina liberada de forma inteligente age como uma ferramenta de empoderamento.

“As Mulheres estão com Raiva” não apenas oferece uma análise psicológica da raiva feminina, mas também desafia as normas sociais que moldam o comportamento das mulheres, oferecendo-lhes métodos práticos para se reconectarem com sua raiva e aprenderem a expressá-la de maneira construtiva: desde a identificação da raiva reprimida até formas de liberá-la, como a prática da comunicação assertiva e o autoconhecimento emocional.

Para a autora, esse trabalho traz uma contribuição vital e significativa ao feminismo contemporâneo, com destaque para a importância de abordar as emoções de forma integral e saudável, ao mesmo tempo que propõe uma revolução emocional que permite as mulheres viverem de maneira mais autêntica. “Neste livro trago maneiras de utilizar emoções negativas e fortes, como ódio e ressentimento, como ferramentas para se autoexpressar e reivindicar uma mudança positiva para as mulheres em nossa sociedade”, finaliza a autora.

Trecho do livro:

“Em minha prática profissional, utilizo teoria informada por psicanálise e neurociência para ajudar mulheres de várias partes do mundo a compreender por que sofrem. Em muitos sentidos, porém, é como se eu usasse um Band-Aid para estancar uma hemorragia. Quando um ecossistema inteiro está doente, questionamos o valor de tratar um único organismo. Escrevi este livro porque quero oferecer a todas nós um meio de desafiar nossa agonia individual, além de abrir uma conversa mais generalizada sobre porque isso acontece conosco e como podemos acabar com essa situação. [Em] um mundo patriarcal; […] onde história, geografia, privilégio e estrutura têm sido dominados pelos homens, o conhecimento científico de que a raiva pode ser prejudicial quando não reconhecida é essencial para minhas sugestões de tratamento da doença. O impacto marcante sobre a vida e a saúde, quando finalmente lidamos com a raiva, deve ser privilégio de todas as pessoas. Mas nossa primeira tarefa é compreender a causa. Nossa raiva vem do engodo que nos cerca desde o nascimento, da falsa premissa de vivermos em um mundo que já mudou para melhor.   Jennifer Cox

Elogios ao livro:

“Uma revelação sobre o assunto, e um recurso indispensável não apenas para as mulheres, mas para todos nós.” – Soraya Chemaly, autora de Rage Becomes Her and The Resilience Myth

“Este livro não apenas valida a raiva que tantas mulheres sentem – ele insiste que a raiva é uma força de mudança! Coletivamente, podemos ser essa mudança. Um absoluto must-read.” – Helen Marie, autora de Choose You

Sobre a autora:

JENNIFER COX é psicoterapeuta.

Saiba mais sobre a autora em:  https://womenaremad.org/

Publicado em 11/03/2025