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Legado Olímpico: veja como estão as estruturas da Rio 2016 oito anos depois.

 

 

Por Beto Kaulino, Fabio Juppa, Flávio Dilascio e Juliana Motta — Rio de Janeiro

Realizados sob um investimento total de R$ 43,75 bilhões, sendo R$ 21,52 bilhões oriundos dos cofres públicos, os Jogos Olímpicos do Rio causaram um grande impacto na cidade. Que diga a região da Barra da Tijuca. É lá onde está abrigado o Parque Olímpico, que ocupa uma área de 1,2 milhão de metros quadrados, construídos ao valor de R$ 2,34 bilhões. Considerado o “Coração” das Olimpíadas de 2016, o Parque foi erguido no terreno do antigo Autódromo de Jacarepaguá e da vizinha comunidade Vila Autódromo.

Oito anos após os Jogos do Rio, o ge visitou todas as estruturas do Parque e suas respectivas adjacências, mostrando o que funciona e o que não funciona em cada parte do complexo. Atualmente, há partes do Parque administradas pelo Governo Federal, Prefeitura do Rio, Comitê Olímpico do Brasil e iniciativa privada.

Confira:

PARQUE DOS ATLETAS

Usado como uma extensão da Vila Olímpica (hoje um conjunto de prédios residenciais), o Parque dos Atletas compreende uma área de 150 mil metros quadrados na Avenida Salvador Allende, bem próximo ao Parque Olímpico da Barra. Na Rio 2016, o local foi utilizado como área de lazer e circulação dos atletas nos momentos de folga.

Visão aérea do Parque dos Atletas — Foto: Beto Kaulino

Visão aérea do Parque dos Atletas — Foto: Beto Kaulino

O Parque dos Atletas também foi a primeira instalação olímpica a ficar pronta. Concluído em agosto de 2011, o local abrigou três edições do Rock In Rio, recebendo shows icônicos como os de Beyoncé, Rihanna, Elton Jhon e Red Hot Chili Peppers.

Porém, os dias de glamour ficaram no passado. Atualmente, o local está aberto ao público, mas em estado de abandono. Por ali, é comum encontrar muito lixo e até usuários de drogas. Alguns moradores da região utilizam o parque para se exercitar ao ar livre e reclamam da falta de cuidados e segurança.

— Tentaram fazer uma coisa tão boa para as crianças, para todos, mas está esse abandono e esse descaso. Precisa de segurança e não tem. É um dinheiro que foi investido e que poderia ser muito satisfatório para a população, mas está abandonado — disse o morador do bairro, Renato Dutra.

Lixos são facilmente encontrados no Parque dos Atletas — Foto: Beto Kaulino

Lixos são facilmente encontrados no Parque dos Atletas — Foto: Beto Kaulino

O Parque dos Atletas ficou um tempo sob o domínio da Prefeitura do Rio. Porém, segundo uma nota emitida pela mesma após o contato do ge, o terreno foi devolvido ao antigo proprietário por decisão judicial. Ainda de acordo com a prefeitura, não existia mais interesse público na região. Em entrevista com o prefeito Eduardo Paes, o mesmo reforçou a informação.

— Após uma disputa judicial, a Prefeitura do Rio optou por devolver o terreno do Parque dos Atletas ao seu antigo proprietário, por não existir mais interesse público no local. A documentação para a transferência já foi assinada pelas partes e homologada pelo Poder Judiciário — escreveu a Prefeitura do Rio em nota. Não foi divulgado quem seria o atual proprietário do terreno.

— Na época das Olimpíadas, quando a gente fez a desapropriação, o proprietário não aceitou o valor pago. Ele entrou na justiça e a mesma queria que a prefeitura pagasse o triplo do preço que foi avaliado na época. Como já tínhamos utilizado nas Olimpíadas, entendemos que o ideal seria permitir que a decisão judicial fosse voltar ao privado. Portanto, é como qualquer terreno privado na Barra da Tijuca — explicou o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.

A menos de 1 km do Parque dos Atletas, estão os prédios IBC e MPC, que eram utilizados pela imprensa nos Jogos Olímpicos e pertencem ao Consórcio Rio Mais (Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez e Carvalho Hosken). Atualmente, as estruturas estão fechadas e cedidas ao Rock In Rio. Os prédios são usados como depósito de materiais utilizados nas estruturas do mega evento musical. Cercado por grades, o local é fechado a visitantes.

Prédios do IBC e MPC (à esquerda) estão cedidos à iniciativa privada — Foto: Beto Kaulino

Prédios do IBC e MPC (à esquerda) estão cedidos à iniciativa privada — Foto: Beto Kaulino

CENTRO OLÍMPICO DE TÊNIS

O Centro Olímpico de Tênis do Rio de Janeiro já esteve nos holofotes ao receber diversas estrelas que disputaram as Olimpíadas do Rio. Foi lá que Serena Williams, líder do ranking mundial na época, perdeu para a ucraniana Elina Svitolina e ficou fora das quartas de final. Também foi no Centro Olímpico de Tênis que Novak Djokovic se despediu das Olimpíadas ainda na estreia. Ainda no mesma quadra, Rafael Nadal levou o ouro nas duplas.

Centro Olímpico de Tênis e quadras de aquecimento — Foto: Beto Kaulino

Centro Olímpico de Tênis e quadras de aquecimento — Foto: Beto Kaulino

O palco, no entanto, se encontra pouco utilizado no momento. O Centro Olímpico de Tênis chegou a receber algumas competições do esporte, mas tem dificuldades para encontrar torneios que queiram ser disputados ali. Atualmente, o local pertence ao Governo Federal, sob o cuidado do Ministério do Esporte. A organização da arena a utiliza ocasionalmente para eventos e até tentou sediar competições de outras modalidades, como o vôlei de praia. Porém, encontrar uma função definitiva para o Centro Olímpico de Tênis ainda é um impasse.

— Sabemos que o custo para manter uma arena desse tamanho é grande. As federações preferem focar os seus recursos em competições e treinamentos, mas temos conversas para tentar achar uma forma deles estarem mais próximos ao Centro Olímpico de Tênis. A lei não permite que coloquemos uma empresa privada para ocupar o parque. Isso também dificulta que ocupemos a arena de forma mais rápida — explicou Rodrigo Gouveia, representante de instalações do Ministério dos Esportes.

— A ideia inicial era de que a Federação assumisse. A partir do momento em que ela não quer, a gente pode dar um outro destino àquela área. Estamos discutindo agora a possibilidade de fazer uma arena gamer ali, inclusive cobrindo a estrutura — falou o prefeito Eduardo Paes.

Quadras de aquecimento do lado de fora do Centro Olímpico de Tênis estão inutilizadas — Foto: Beto Kaulino

Quadras de aquecimento do lado de fora do Centro Olímpico de Tênis estão inutilizadas — Foto: Beto Kaulino

Segundo os governantes, houve uma tentativa de oferecer o Centro Olímpico de Tênis para a organização do Rio Open, que atualmente é disputado no Jockey Club Brasileiro, na Gávea. Porém, assim como foi um problema para outras competições, a quadra da arena não corresponde às especificidades do campeonato.

— Tem dificuldades com relação ao piso. O Rio Open é no saibro, então na atende à especificação aqui (no Centro Olímpico de Tênis). Hoje tentamos trazer eventos de outras modalidades pra cá. Seria interessante a Confederação utilizar, mas a arena é muito grande mesmo e realmente precisa de um olhar melhor para conseguir trazer mais eventos. Eventos ligados não só ao tênis, mas também de outros esportes, como os de praia, que têm muita procura — disse o representante do Ministério dos Esportes.

ARENAS CARIOCAS

Dentro do Parque Olímpico do Rio de Janeiro, foram construídas três arenas, que abrigavam competições de diferentes esportes. Atualmente, algumas estão sob o domínio do Governo Federal e outras administradas pela Prefeitura do Rio. No momento, todas estão dirigidas a alguma finalidade. Confira o que está acontecendo em cada uma das estruturas:

Arena Carioca 1 – Era usada, principalmente, pelo basquete nas Olimpíadas. Atualmente pertence ao Governo Federal, administrada pelo Ministério do Esporte. A utilização atual é para eventos e competições. Antes disso, a arena também fez parte do Centro de Treinamento Olímpico.

Arena Carioca 1 recebe diversas competições — Foto: Beto Kaulino

Arena Carioca 1 recebe diversas competições — Foto: Beto Kaulino

Arena Carioca 2 – Casa do judô e wrestling nas Olimpíadas, atualmente pertence ao Governo Federal, representado pelo Ministério dos Esportes. Por conta das obras no Velódromo Olímpico, que também fica no Parque, o local está emprestado para a Secretaria Municipal de Esportes. Depois disso, a expectativa é de que a arena se transforme em um Instituto Federal do Rio de Janeiro. A unidade educacional receberá 1.400 estudantes das comunidades da região.

Entre as modalidades oferecidas, estão o futsal, vôlei, basquete, handebol, badminton, ginástica artística, atividades circenses, jiu-jitsu, karatê, ballet, hóquei, muay thai, skate, musculação, alongamento, corrida e caminhada orientada, ginástica funcional, pilates, fisioterapia, tecido acrobático, luta livre, zumba, jazz, taekwondo, LPO, patinação artística, judô e halterofilismo paralímpico. A expectativa é de que, quando as obras no Velódromo ficarem prontas, as atividades sejam dirigidas ao local.

Atividades esportivas na Arena Carioca 2 — Foto: Beto Kaulino

VELÓDROMO

 

Palco das provas de ciclismo de pista na Rio 2016, o Velódromo do Rio recebeu diversas competições da modalidade após as Olimpíadas. Antes administrado pelo Governo Federal, o local foi repassado à Prefeitura do Rio em 2022. Sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Esportes, o Velódromo está em obras para se transformar em Museu Olímpico. Depois disso, também receberá competições e abrigará atividades oferecidas à comunidade. O ge tentou visitar o local, mas a prefeitura não permitiu o acesso.

As três Arenas Carioca, o Velódromo Olímpico e o Centro Olímpico de Tênis — Foto: Beto Kaulino

As três Arenas Carioca, o Velódromo Olímpico e o Centro Olímpico de Tênis — Foto: Beto Kaulino

PARQUE RITA LEE

 

Compreendido nas áreas de circulação do Parque Olímpico, o Parque Rita Lee tem uma área de 136 mil metros quadrados e fica aberto à população de terça a domingo das 6h às 22h. Além da área para caminhada, o local abriga quadras poliesportivas, skate park, muro de escalada, academia da terceira idade e parquinho para crianças. Administrado pela Prefeitura do Rio, o parque custou R$ 36 milhões e foi inaugurado em maio deste ano.

Paque Rita Lee fica ao lado das Arenas Carioca, no Parque Olímpico — Foto: Beto Kaulino

Paque Rita Lee fica ao lado das Arenas Carioca, no Parque Olímpico — Foto: Beto Kaulino

CT TIME BRASIL

Apesar de ter sido inaugurado em 2007 para o Pan-Americano, o Parque Aquático Maria Lenk foi impulsionado pela Rio 2016. A estrutura recebeu as competições de natação, nado artístico e saltos ornamentais dos Jogos Pan-Americanos de 2007. Nove anos depois, nas Olimpíadas do Rio, o complexo recebeu as provas do nado artístico, saltos ornamentais, além do polo aquático.

Centro Aquático Maria Lenk, no Parque Olímpico, também é a casa de diversos esportes do Time Brasil — Foto: Beto Kaulino

Centro Aquático Maria Lenk, no Parque Olímpico, também é a casa de diversos esportes do Time Brasil — Foto: Beto Kaulino

Administrado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), o Maria Lenk ganhou um centro de treinamento de ginástica a partir de 2015. Pouco depois, o complexo virou o centro de treinamento oficial do Time Brasil ao ganhar também uma sala de força e condicionamento, sala de treino funcional, sala de esportes de combate, área de descanso e laboratório olímpico. Apesar de receber o nome de “Parque Aquático”, a estrutura abriga atletas de diversas modalidades.

Academia do CT Time Brasil, no Maria Lenk, recebe atletas de diferentes modalidades — Foto: COB

Academia do CT Time Brasil, no Maria Lenk, recebe atletas de diferentes modalidades — Foto: COB

Publicado em 07/08/2024