Isto É Dinheiro
O jurista Miguel Reale Júnior criticou na manhã desta quarta-feira, 29, a ‘politização da justiça’, um ‘malefício’ que, em sua avaliação, ‘levou a uma grande confusão entre o justo e o que é satisfatório para a opinião pública’ e ‘comprometeu a Lava Jato e o combate à corrupção de forma muito grave’. Segundo ele, a luta contra a corrupção deve ser jurídica.
As declarações de Reale Júnior se deram em debate na 8ª edição do seminário Caminhos Contra a Corrupção promovido pelo Estadão e pelo Instituto Não Aceito Corrupção.
Para o professor, houve um ‘comprometimento’ da Justiça na medida em que ela se politizou. Nesse contexto, Reale Júnior chegou a citar o senador Sérgio Moro, ex-juiz da Lava Jato, apontando que ‘sua pequena ambição política comprometeu a luta contra a corrupção’.
“Tenho receio de que a sociedade seja contaminada por visão santificada da luta contra a corrupção, como o endeusamento do Moro. Ele é das pessoas mais nocivas para a luta contra a corrupção. Porque ele comprometeu, para sua ambição política, a luta contra a corrupção sendo juiz. Isso contamina muito. Ele era endeusado. Comprometeu totalmente”, ponderou.
Reale Júnior fez as ponderações sobre a ‘politização da justiça’ ao dissertar sobre pontos que geram insegurança jurídica no País. O jurista também considera que o enfrentamento à corrupção também foi comprometido com a decisão do Supremo Tribunal Federal que remeteu para a Justiça Eleitoral investigações abertas na esteira da Lava Jato, que versavam sobre supostos crimes de caixa 2.
Dino
Sobre a indicação Flávio Dino à vaga no Supremo Tribunal Federal, Reale Júnior destacou como o ministro atuou como magistrado, assessor na Corte máxima e secretario do Conselho Nacional de Justiça, com experiência no Judiciário e na política. “Acho que será bom uma voz forte no STF, com personalidade. Ele (Dino) não vai fazer politização da Justiça, é um juiz. Fico preocupado em que vai ser o ministro da Justiça”, ponderou.
A professora Laura Barros se disse frustada com ‘expectativa desatendida’ da não indicação de uma mulher à vaga aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber. Ela vê ‘retrocesso’, considerando que foi um ‘aceno que ficou no ar’. “Realmente traz tristeza”, ponderou.
Publicado em 30/11/2023