CPMI

General relata à CPI reação de Lula ao 8/1: ‘são criminosos, tem que prender todos’

 

Móveis e janelas danificadas no Senado Federal.

Estadão

O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, chefe do Comando Militar do Planalto (CMP) durante os ataques criminosos do 8 de janeiro, em Brasília, afirmou nesta quinta-feira, 18, ter convencido o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que a operação contra os golpistas fosse feita apenas no dia seguinte, em 9 de janeiro. O oficial disse que uma ação “sem planejamento” poderia resultar em uma “noite com sangue”.

Dutra prestou depoimento nesta manhã à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). O general relatou a conversa que teve com Lula na noite do dia 8.

“Ele [general Gonçalves Dias, então ministro-chefe do GSI] me disse que estava com o presidente Lula. Pedi que ele explicasse que a operação não poderia ser feita sem planejamento. Ele desligou e ligou de volta em menos de dois minutos e me disse: ‘O presidente está muito irritado e disse que vai entrar’. Eu disse: ‘General, vai dar problema’”, contou Dutra.

Em seguida, Dias repassa o telefone para Lula. O presidente teria afirmado ao então comandante do Exército que os golpistas são criminosos e todos deveriam ser presos. “Eu disse: ‘Presidente, ninguém tem dúvida disso, estamos todos indignados, serão presos’. Ele repetiu: ‘General, são criminosos, têm que ser todos presos’. Eu disse: ‘Serão presos, só que até agora nós estamos lamentando dano ao patrimônio. Se nós entrarmos agora, sem planejamento, podemos terminar essa noite com sangue’. O presidente Lula na mesma hora falou: ‘Seria uma tragédia’. E completou: general, isola a praça e prende todo mundo amanhã’”, detalhou o oficial.