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O especialista em design curricular e avaliação da aprendizagem Alexandre Nicolini afirmou que “com apenas 20% dos jovens concluindo a educação profissional fica difícil para o Brasil conquistar índices de produtividade de país desenvolvido”.
Citando o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2024 do Todos Pela Educação, e dados do IBGE, Nicolini destacou que 10% dos estudantes brancos e 20% dos negros não conseguem terminar o ensino fundamental até os 16 anos, e pouco mais de 70% dos estudantes brasileiros concluem o ensino médio. “Esses dados mostram uma evasão crescente entre os jovens, à medida que avançam no ensino básico”, disse o especialista. “E, destes, apenas 10% seguirão para o ensino médio profissionalizante pelo Censo 2023 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep, enquanto outros 20% se matricularão no ensino superior. Os dados mostram que aproximadamente metade deles não integrará a taxa de sucesso, ou seja, não terão o famoso ‘diploma na mão’, e essa é a eterna conta que continua pendurada pelo país”, afirmou.
Segundo Alexandre Nicolini, “com esses números fica evidente que falta uma preparação minimamente adequada de profissionais para o mercado de trabalho com índices de produtividade competitivos”. Para ele, o quadro se torna ainda mais preocupante, na medida em que 80% dos jovens brasileiros não conseguirão uma vaga no ensino profissionalizante, uma matrícula no ensino superior, um emprego competitivo ou qualquer tipo de emprego formal. “É o caminho natural para se tornarem outros nem-nem-nem: nem estudam, nem trabalham, e nem procuram emprego. E quem pode culpá-los, considerando a atenção ineficaz que o Brasil tem dado a esse problema?”, conclui Nicolini.
Sobre Alexandre Nicolini
Doutor em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com estágio de doutoramento na Paris IX, Mestre em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Administrador de Empresas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Especialista em Design Curricular e Avaliação de Aprendizagem, desenvolve metodologias de trabalho e programas de formação para IES que sintetizam sua experiência como pesquisador e orientador no stricto sensu e como gestor acadêmico, inclusive como reitor. Foi também avaliador ad hoc do Ministério da Educação (MEC) e líder de pesquisa na Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD).
Participa da construção das políticas públicas de avaliação do ensino superior desde 1996, tendo orientado com sucesso diversos clientes a alcançar os melhores resultados, além de fazer palestras inspiradoras e ministrar oficinas práticas para dirigentes, coordenadores, professores e estudantes em IES de todas as regiões do Brasil. Em sua atuação, publicou mais de 60 artigos científicos sobre o ensino superior, que geraram mais de 800 citações, cujas referências podem ser consultadas em https://lattes.cnpq.br/0344124233231329. Seu artigo intitulado “Qual será o futuro das fábricas de administradores?” é um dos mais citados na área de Administração no país.
Publicado em 17/12/2024
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