No dia 5 de outubro, aconteceu no Plenário da Reitoria da PUC Goiás a sessão especial do documentário “Monsenhor Rodolfo Tellman: pai dos leprosos”. A produção, realizada pelo professor Ricardo Antônio Gonçalves Teixeira, trata do trabalho realizado pelo Cônego Rodolfo Tellmann junto aos internos da antiga Colônia Santa Marta, hoje Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária Colônia Santa Marta (HDS). Missionário religioso vindo da cidade de Colônia, na Alemanha, atuou no sul do Brasil e no Espírito Santo, onde teve seu primeiro contato com os hanseníacos.
Convidado a se instalar em Goiânia em 1943, em prol inauguração do leprosário Colônia Santa Marta, o sacerdote foi tocado de um imenso afeto pelos doentes, tornando-se uma pessoa de referência na Colônia. Mais do que um representante da Igreja, o Monsenhor Rodolfo Tellman tornou-se um sustentáculo para os hanseníacos, que a época eram isolados da sociedade e de suas famílias, pelo medo da contaminação e da incurabilidade da doença. Num local carente de recursos assistenciais devido ao medo e ao preconceito, sua ação contribuiu para a sustentação espiritual, psicológica e material da comunidade, que passou a ver nele um verdadeiro “pai”. Seus sacrifícios trouxeram mais dignidade e qualidade de vida a uma população desamparada e sem esperança.
Na solenidade estiveram presentes diversos representantes da Igreja Católica, entre eles Dom Washington Cruz, Arcebispo emérito de Goiânia. Representando o HDS, Luiz Carlos Junio Sampaio Teles, diretor geral da unidade; André Alves dos Santos, diretor administrativo financeiro e Lívia Evangelista da Rocha Aguilar, diretora técnica e ainda Sérgio Daher, Superintendente de Relações Institucionais da Agir, Organização Social responsável pela administração do hospital.
A solenidade foi aberta pela reitora da PUC Goiás, Olga Izilda Ronchi, seguida por Dom João Justino, Arcebispo de Goiânia e Ricardo Antônio Gonçalves Teixeira, idealizador do resgate histórico.
O documentário de mais de duas horas de duração, traz entrevistas com ex-pacientes moradores da unidade, que falam do que viveram na Colônia Santa Marta e ainda diversos representantes da Igreja Católica, inclusive freiras que trabalharam na unidade, todos trazendo recordações do trabalho com os hanseníacos e a convivência com Monsenhor Rodolfo.
Com a evolução dos tratamentos contra a hanseníase e o fim das internações compulsórias, o antigo leprosário foi extinto. Em consequência da nova política de atenção aos portadores de hanseníase, e de diretrizes nacionais de desospitalização para estes pacientes, em 1982 a Colônia Santa Marta foi transformada em Hospital de Dermatologia Sanitária e Reabilitação Santa Marta. E, desde 2013, a AGIR – Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde, assumiu a gestão da Unidade. E, em 2020, passou a denominar-se Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária Colônia Santa Marta (HDS).
No local, passado e presente convivem harmoniosamente. Os antigos pavilhões passaram a compor uma moderna estrutura de atendimento à população. O HDS é o único do estado de Goiás que oferece atendimento especializado pelo SUS no tratamento de lesões crônicas e possui aparelhagem tecnológica para realização de exames de Eletrocardiograma, Tonometria, Mapeamento de Retina, Ultrassonografia (USG), Doppler e Raio-X Odontológico. O HDS dispõe de equipe médica e multiprofissional, que realiza consultas e terapias especializadas por meio de regulação estadual, além do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), denominado Saúde no Lar e a Unidade de Internação e Cuidados Prolongados (UCP), que dispõe de 10 leitos de uso individual e mantém os cuidados assistenciais a 12 ex-pacientes da extinta Colônia Santa Marta, moradores da Residência Assistencial (RA).
Publicado em 10/10/2023