IRAPUAN COSTA JUNIOR

Depois da 2ª Guerra, as economias de mercado se fortaleceram ainda mais e países populistas decaíram. Entenda os motivos

Guerras são devastadoras para os países mais envolvidos, principalmente aqueles que experimentam combates em seu território.

A Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 até 1945, isto é, findou 80 anos atrás, foi a mais destrutiva delas, não só por ter envolvido praticamente o mundo todo, como por ter usado a alta tecnologia, culminando com as duas bombas nucleares lançadas sobre o Japão, o que determinou o ponto final no conflito.

O quadro abaixo, com as 30 maiores economias em 1938 e em 2024, mostra os dois desenhos do mundo desenvolvido, um pouco antes da Segunda Guerra Mundial e outro nos dias de hoje. Tiremos algumas conclusões dessas duas configurações.

1 A guerra, iniciada em 1939 com a invasão alemã da Polônia e com a adesão da Itália em 1940, teria, de início, um certo equilíbrio econômico entre os contendores.

A economia do Império Britânico (1,1 trilhão de dólares), lutando praticamente isolado contra Alemanha e Itália (0,8 trilhão).

2 O desequilíbrio viria em 1941, com dois erros estratégicos: a invasão alemã da União Soviética (a Operação Barba Roxa) e a junção do Japão ao chamado eixo Berlim-Roma, atacando os Estados Unidos em Pearl Harbour. Embora a economia de guerra do eixo tivesse um reforço de 0,61 trilhão correspondente à adesão do Japão, o peso da entrada na guerra da União Soviética (0,63 trilhão) e principalmente dos EUA (1,3 trilhão) seria três vezes maior e faria pender em definitivo a balança em favor dos aliados.

3 O desenho econômico do mundo mudou bastante, até hoje. Embora os EUA, vencedores que não experimentaram a guerra em seu território, seguissem sendo a maior economia do planeta, os vencidos Alemanha e Japão se recuperaram da devastação e continuaram na cúpula do cenário econômico.

A Alemanha, democratizada, cresceria, da quinta para a terceira posição e o Japão permaneceria na quarta.

A própria Itália, a sétima potência antes da guerra, quase se manteria. Também democratizada, é hoje a oitava potência.

Uma surpresa seria a da China, que adotando a tática que a Alemanha nazista usou para se soerguer e para se rearmar entre a Primeira Guerra e a Segunda Guerra (ditadura na política e capitalismo de mercado na economia), hoje é a segunda potência econômica do planeta, ameaçando ser a primeira.

Outra surpresa seria a Índia, que nem aparecia entre as 30 maiores economias há oitenta anos e hoje ocupa o quinto lugar. Outro adventício é o Canadá, que hoje ocupa a nona posição.

4 E não podemos deixar de falar do Brasil, que saltou da 12ª para a 10ª posição, ainda que tal progresso se deva apenas ao crescimento primário e ao avanço tecnológico do agronegócio.

5 E os outros, além dos EUA, vencedores da Segunda Guerra, Império Britânico e União Soviética não se saíram bem nesse intervalo de tempo. O primeiro, bastante desfeito, resume-se hoje no Reino Unido, tendo descido da segunda para a sexta posição. A segunda, desfeita na queda do muro de Berlim, resume-se hoje em seu núcleo duro, a Rússia, despencando do terceiro para o décimo primeiro posto.

6 O populismo peronista faria a Argentina, riquíssima até o final da guerra, em 1945, despencar da 11ª para sua posição atual, no 25º lugar. E também o populismo faria a Venezuela desaparecer da lista dos 30 maiores.

7 Devastação maior que a da Segunda Guerra faria o regime soviético no Leste Europeu. A administração esquerdista fez desaparecer da lista de 30 maiores economias a Checoslováquia (hoje dividida), a Iugoslávia (idem), a Hungria e a Romênia. E faria cair da décima para vigésima primeira posição a outrora poderosa Polônia.

8 Impulsionadas por regimes democráticos e economia de mercado, além de e principalmente por grandes investimentos em educação, novas estrelas se alçariam a essa lista de potências econômicas: Coreia do Sul, Austrália, Indonésia, Taiwan, Singapura, Tailândia. Exemplos claros de investimento social prioritário, que não seguimos, no Brasil.

Publicado em 01/04/2025