Após mais um episódio explícito de violência política de gênero, misoginia e desrespeito com a deputada estadual Bia de Lima (PT) ocorrida no plenário da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), autoridades, entidades e profissionais da comunicação se posicionaram em apoio à parlamentar, que foi insultada pelo deputado Amauri Ribeiro (UB).
Em nota, o Sindjustiça se solidarizou com Bia de Lima. “O Sindjustiça reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos das mulheres, da liberdade de escolha e de expressão. Toda forma de misoginia precisa ser enfrentada com firmeza”, ressaltou a entidade.
Em artigo publicado no jornal Opção, a jornalista Giovanna Campos chamou a postura de Amauri de criminosa. “Grave é o crime de calúnia, que significa imputar falsamente a alguém a prática de um ato criminoso. Por que ele nunca se pronunciou sobre um outro deputado, que de fato, é investigado por pedofilia? […] Não se pode confundir liberdade de expressão com liberdade para cometimento de crimes”, pontuou.
No jornal O Popular, o jornalista Rubens Salomão afirmou que após o ocorrido, diversos deputados condenaram os excessos do referido parlamentar. Segundo ele, “os parlamentares, tanto da base quanto da oposição, passaram a pedir que providências mais enérgicas fossem tomadas pelo Conselho de Ética da Casa”.
Com nome envolvido na situação por ter entrevistado Bia de Lima e falado sobre as preferências de relacionamento da deputada, a jornalista Ravena Carvalho pediu desculpas durante o Jornal da Sucesso, da Rádio Sucesso FM, na manhã desta quinta-feira, 22.
“Começo o jornal fazendo um desabafo, estou muito triste, quero pedir perdão à deputada estadual Bia de Lima, fiz um comentário na brincadeira e estou muito triste. O deputado Amauri Ribeiro usou uma fala infeliz que eu fiz para atacar a deputada. Se eu soubesse que uma brincadeira fosse causar tamanha agressão psicológica que a senhora sofreu ontem, eu jamais brincaria. Eu brinquei com a deputada Bia de Lima, brinco isso com a minha família e foi interpretado pelo deputado como ‘pedofilia’”, disse ela.
O companheiro de bancada de Ravena, jornalista Vassil Oliveira foi enfático ao dizer que não houve problema no que foi dito pela deputada durante a entrevista, em clima descontraído, mas sim a forma distorcida com que a fala foi usada pelo parlamentar para atacar Bia de Lima
Acusações criminosas
Nas sessões de terça-feira, 20, e quarta-feira, 21, o parlamentar fez insinuações e ataques machistas sobre a vida privada de Bia, o que gerou discussões entre os dois e o encerramento das sessões ordinárias.
Nessa quarta-feira, em razão das acusações, Bia de Lima pediu ao presidente em exercício, Clécio Alves, que Amauri fosse substituído na mesa, tendo em vista a falta de decoro do parlamentar. Porém, o pedido não foi suficiente, já que os ataques continuaram levando a suspensão da sessão. Logo após o episódio, Amauri intensificou os ataque e foi à área de bastidores do plenário, local chamado de “cafezinho”, para reclamar do encerramento da reunião ao presidente da Casa, Bruno Peixoto (UB).
Ao chegar no local, ele encontrou Bia de Lima e o deputado Mauro Rubem (PT), que também procuravam por Peixoto para reclamar da situação. Foi nesse momento que a discussão ganhou nível de gritaria. Os parlamentares trocaram agressões verbais, Ribeiro se descontrolou, partiu para cima do petista e precisou ser contido pela polícia legislativa.
Porém, os ataques de Amauri contra da deputada não são uma novidade. Bia de Lima já representou contra ele por quebra de decoro ao longo dos dois primeiros anos de Legislatura, mas nada foi feito. Ela reforça que o comportamento do referido colega de Parlamento é inadmissível e vai tomar todas as providências cabíveis.
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