Por Úrsula Neves, para o EU Atleta — Rio de Janeiro
Se você está em busca de massa muscular, saiba que a nutrição é tão importante quanto o treinamento regular.
Para quem deseja aumentar a força e a definição muscular, é essencial adotar uma dieta que contenha nutrientes específicos para o crescimento dos músculos, uma vez que certos alimentos ajudam a reparar as fibras musculares e fornecem energia para os treinos mais intensos. Confira, nesta reportagem, uma lista de 10 comidas que servem para o crescimento de músculos.
— Os alimentos são fundamentais no desenvolvimento muscular porque as proteínas são necessárias para a síntese proteica, que é o processo de reparação e construção das fibras musculares — resume a médica nutróloga Nádia Haubert, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).
— Certos alimentos, ricos em proteínas de alta qualidade, aminoácidos essenciais e nutrientes – como vitaminas e minerais -, são essenciais para maximizar o ganho muscular. Por outro lado, alimentos pobres em nutrientes, ricos em açúcares refinados ou gorduras saturadas, podem comprometer o processo, levando ao ganho de gordura, em vez de massa magra, e não fornecendo os nutrientes adequados para a recuperação muscular.
Como ocorre o ganho de massa muscular
O ganho de massa muscular, conhecido como hipertrofia, é um processo adaptativo do corpo que ocorre em resposta a estímulos físicos, especialmente o treino de resistência, como a musculação.
Quando um músculo é submetido a cargas maiores do que às que está acostumado, as fibras sofrem microlesões. Esse estresse mecânico é interpretado pelo corpo como um desafio, sinalizando a necessidade de peças e fortalecimento para suportar futuras cargas semelhantes.
Durante o processo de recuperação, o corpo não apenas repara as fibras musculares danificadas, mas também se torna mais forte e volumoso, em um mecanismo projetado para se adaptar e prevenir danos futuros. Essa adaptação contínua é a base para o crescimento muscular e destaca a importância de aumentar gradualmente a carga nos treinos para estimular
— O ganho de massa muscular acontece pela necessidade do músculo suportar mais carga. Por exemplo: um exercício de barra, que é prioritariamente para trabalhar o músculo das costas e, secundariamente, os bíceps. Neste exercício, a pessoa começa executando cinco repetições, que é próximo do seu máximo. Com o tempo, aumenta as repetições para 10, 15 e até 20 repetições. Daqui a pouco, a pessoa sente que fazer essas 20 repetições já ficou fácil e começa a colocar sobrecarga de peso nos pés para dificultar o exercício. Agora, com 10 kg adicionados ao corpo, a pessoa só consegue fazer 10 repetições, mas, com o tempo, isso também se torna fácil, e a pessoa aumenta o número de repetições até chegar a 20 repetições e ficar fácil novamente. Sendo assim, esse indivíduo vai conseguir aumentar essa sobrecarga para 15 kg e, assim, sucessivamente. Isso significa que a adaptação muscular está acontecendo, e esse indivíduo consegue se exigir cada vez mais — detalha o nutricionista e educador físico Eduardo Lustosa.
Nesse processo, o corpo entende que precisa de mais músculos, pois o praticante está fazendo cada vez mais esforço. É como um pilar de um prédio que suporta 100 kg: se você colocar 500 kg, a estrutura não irá suportar, a menos que seja reforçada e aumente o calibre. O nome disso é fibra muscular: ela aumenta a espessura à medida que o corpo necessita resistir a mais carga. Isso acontece devido às microlesões musculares, que são reconstituídas pelos macronutrientes, em especial a proteína. Ela tem a função de auxiliar essa construção muscular.
— Porém, proteína sem carboidrato não gera energia, e, sem lipídeo (gordura), não temos uma boa função hormonal. Sendo assim, uma dieta balanceada de cinco a sete refeições por dia, com um consumo adequado de carboidratos, proteínas e gorduras, é fundamental para a construção muscular — adverte o nutricionista e educador físico.
O especialista destaca que o ideal é que o consumo de proteína não ocorra em um espaço maior que seis horas. Devem ser consumidos de 1,4g a 2g de proteínas por quilograma de peso ao longo do dia para obter o aporte proteico adequado. Por exemplo: uma pessoa de 70 kg deve consumir de 98g a 140g de proteína ao longo do dia.
— Para potencializar o crescimento de músculos, sempre indico treinos de musculação, de cinco a sete refeições equilibradas por dia, proteína em todas as refeições ou em, pelo menos, nas três principais: café da manhã, almoço e jantar (para que não extrapole as seis horas de espaço entre as refeições). E a quantidade de proteína pode variar conforme o peso do indivíduo — sugere o especialista.
Ele ainda ressalta a importância de uma boa qualidade de sono. O ideal seria dormir de 7h a 8h com, no máximo, uma levantada durante a noite, para que aconteça a reconstrução muscular e que se produza o máximo de melatonina, o hormônio do sono. É necessário evitar o consumo de bebidas alcoólicas e cigarro, pois eles atrapalham o metabolismo e desaceleram os resultados.
— O treinamento de resistência deve ser progressivo, com evolução de carga. Planejamento e periodização dos treinos são muito importantes. O consumo de calorias deve ser suficiente. Hidratação adequada é primordial. Suplementação, apenas se necessário, seguindo orientação médica — resume Eduardo.
10 alimentos que potencializam o crescimento dos músculos
Confira os dez alimentos aliados na construção de músculos que podem acelerar os resultados de hipertrofia, quando combinados com exercícios, com orientação de profissional de Educação Física.
- Peito de frango: rico em proteínas de alta qualidade e aminoácidos essenciais, como a leucina, que estimula a síntese proteica. Indicação de consumo para massa muscular: de 150g a 200g por refeição (2 a 3 vezes por semana);
- Ovo: contém proteínas de altíssimo valor biológico e colina, que ajuda na função muscular. As gemas, em especial, fornecem nutrientes como vitamina D e gorduras saudáveis. Indicação de consumo para massa muscular: de 2 a 4 ovos por dia;
- Salmão: rico em ácidos graxos ômega-3, que têm efeito anti-inflamatório e ajudam na recuperação muscular, além de proteínas de alta qualidade. Indicação de consumo para massa muscular: de 150g a 200g, 2 a 3 vezes por semana;
- Carne vermelha magra (como patinho ou filé mignon): fornece grande quantidade de creatina e ferro, que aumentam a força e a resistência muscular. Indicação de consumo para massa muscular: de 100g a 150g por refeição, 2 a 3 vezes por semana;
- Queijo cottage: fonte de caseína, proteína de digestão lenta que fornece aminoácidos ao longo do dia ou durante a noite, ideal para manutenção muscular. Indicação de consumo para massa muscular: de 100g a 150g por dia;
- Quinoa: grão completo que oferece todos os aminoácidos essenciais, além de carboidratos de baixo índice glicêmico, que fornecem energia para o treino. Indicação de consumo para massa muscular: de 1/2 a 1 xícara cozida por refeição;
- Batata-doce: fonte de carboidratos complexos e fibras, fornecendo energia sustentada para treinos de alta intensidade, além de vitaminas A e C. Indicação de consumo para massa muscular: uma batata média (150g) por refeição;
- Amêndoas: ricas em gorduras saudáveis, proteínas e vitamina E, que ajudam na recuperação e proteção dos músculos. Indicação de consumo para massa muscular: um punhado (cerca de 30g) por dia;
- Grão-de-bico: boa fonte de proteínas vegetais e carboidratos, essencial para veganos e vegetarianos, além de ser rico em fibras e micronutrientes. Indicação de consumo para massa muscular: de 1/2 a 1 xícara cozida por refeição;
- Iogurte grego natural: rica fonte de proteínas e probióticos, que melhoram a saúde digestiva e a absorção de nutrientes essenciais ao desenvolvimento muscular. Indicação de consumo para massa muscular: de 150g a 200g por dia.
Fontes:
Eduardo Lustosa é nutricionista e educador físico, proprietário da rede Ultra Academia.
Nádia Haubert é médica nutróloga, professora de Medicina no Centro Universitário de Brasília (CEUB) e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).
Publicado em 26/11/2024
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