Por Marcelo Baltar — Rio de Janeiro
Pedrinho estava nervoso, olhava para baixo e parecia rezar. Às 22h15 deste sábado veio a confirmação. Ele colocou a camisa no rosto e desabou. Após 15 anos, o ídolo está de volta ao Vasco. Clube em que chegou criança, construiu a maior parte de carreira, teve idas e vindas como jogador, mas sempre esteve muito presente em seu coração. O ídolo volta para casa para assumir o papel de presidente, em um mandato repleto de desafios, entre 2024 e 2026.
Pedrinho sempre foi emotivo e não seria dessa vez que disfarçaria a emoção. Ao ser anunciado futuro presidente do Vasco, parecia não acreditar que, 40 anos após pisar pela primeira vez no clube para jogar futsal, em 1983, ele se tornaria o presidente mais votado da história do Vasco da Gama. Foram 3.372 votos contra 1.844 do adversário Leven Siano.
– Essa camisa foi uma homenagem ao meu pai. Ele que me levava aos treinos, com muita dificuldade. Ele acreditou muito mais em mim do que eu. Fui presenteado pelo grupo com essa camisa. O início no Vasco foi com ele, mas eu não pude ir ao enterro dele, porque eu estava no futebol árabe. Tenho orgulho e foi uma forma de retribuir, porque, se hoje estou aqui, ele tem uma parcela enorme nisso. Todos sabem o que ele passou ali dentro como motorista de caminhão de entulho, problema com álcool. De onde ele estiver, sei que ele tem um orgulho muito grande, porque ele sabe o que eu tenho no coração em relação ao Vasco – disse Pedrinho, com os olhos marejados.
A trajetória começou aos seis anos no futsal, mas a paixão pelo Vasco veio de berço. Pedrinho herdou o amor pelo clube do seu pai, que foi motorista de caminhão de entulhos em São Januário. Durante todo o dia, na votação na sede do Calabouço, ele vestiu uma camisa do Vasco, com o nome de Seu Hélio e o símbolo de infinito nas costas. O pai faleceu em 2008, ano em que Pedrinho encerrou a carreira de jogador no Vasco.
Liderança de ídolos
Pedrinho, de 46 anos, que representa o grupo “Sempre Vasco”, construiu uma história dentro do Vasco. Ele chegou ao clube aos seis anos para jogar futsal e se tornou jogador profissional em 1995, aos 18 anos. Integrante de uma das gerações mais vitoriosas da história do clube, acumulou diversos títulos, entre eles o da Libertadores de 1998.
Pedrinho terá participação na gestão, de grandes ídolos e vascaínos autênticos, Edmundo e Felipe.
Felipe, que iniciou sua trajetória no futsal do Vasco em 1983, aos 6 anos, ao lado de Pedrinho, assumiu recentemente o comando técnico do Volta Redonda e planeja seguir a carreira de treinador. Edmundo, por sua vez, é um dos fundadores e lideranças da “Sempre Vasco”. O agora presidente eleito abriu as portas para o ex-atacante estar ao seu lado durante sua gestão.
Grande desafio, não o único. o Vasco planeja financiar a reforma e ampliação do estádio para quase 50 mil torcedores.
– O primeiro passo é torcer neste domingo (contra o América-MG). Temos que esquecer agora qualquer questão política. Obviamente transição será uma questão à parte, sem atrapalhar o futebol, que é o mais importante. O ideal seria até que esse processo eleitoral ocorresse após o Campeonato Brasileiro, mas temos que respeitar o estatuto. O mais importante agora é não ter nenhum processo político. A questão do estádio será somente quando eu tomar a posse – disse Pedrinho.