Neste Dia do Médico (18 de outubro), a Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem) destaca um desafio que envolve a área médica e afeta o acesso e a qualidade do atendimento destinado à população.
Desigualdade social, problemas estruturais e remuneração inferior em determinadas regiões refletem na escolha de seu local de atuação e acabam por contribuir para uma disparidade na distribuição desses profissionais no País.
Dados da Demografia Médica, divulgados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em janeiro de 2024, mostram que há 575.930 médicos no Brasil. O número equivale a 2,81 profissionais para cada mil habitantes, tendo em vista uma população de 205 milhões de pessoas – um cenário bem diferente do visto na década de 90, quando a proporção era de 0,91 (aumento de 209%). Os números, no entanto, apontam para uma oferta desigual nas regiões.
“Mesmo com esse crescimento expressivo, ainda temos localidades com poucos profissionais e muitas dificuldades. É preciso trabalhar em políticas com foco na retenção de médicos em regiões carentes, valorizar seu trabalho e, principalmente, dar as ferramentas para que exerçam sua profissão em qualquer lugar, seja no interior ou nos grandes centros. Só assim avançaremos em termos de saúde pública”, avalia o presidente da Anadem, Raul Canal.
De Norte a Sul
Na região Norte, por exemplo, há 30.549 médicos, o que equivale a 4,8% do total de profissionais do País. Com uma população de 17.616.030, há uma média de 1,73 médicos para cada mil habitantes. Já o Nordeste conta com 121.786 médicos (19,3%). Com 54.911.045 habitantes, há 2,22 médicos para cada mil habitantes.
A região Sudeste é a mais populosa em relação à quantidade de médicos (321.905) e em moradores (85.624.442), com 3,76 profissionais para cada mil habitantes. É onde atuam mais da metade dos médicos do Brasil (51,1%). A população do Sul (30.394.22), por sua vez, tem 99.266 médicos, o que corresponde a 3,27 profissionais para cada mil habitantes.
O Centro-Oeste, com população de 16.694.215, possui 56.561 médicos, uma média de 3,39 profissionais para cada mil habitantes. “Destaque para o Distrito Federal, que está acima da média brasileira e de alguns países membros da OCDE, composto por 38 nações. São 6,31 médicos para cada mil habitantes. Uma discrepância quando comparamos com os números do Norte e Nordeste”, pontua o especialista em Direito Médico Raul Canal.
Para ele, a maior concentração de médicos em regiões economicamente mais avançadas no comparativo com regiões de menor densidade populacional e maior desigualdade social é, muitas vezes, marcada por grandes dificuldades na logística e na infraestrutura da saúde, o que representa um enorme desafio para o País.
“Somada à baixa remuneração, a estrutura deficitária, que impossibilita oferecer os melhores tratamentos aos pacientes, faz com que os médicos busquem pelos grandes centros. Por isso, é importante a criação de medidas que visem a padronizar tratamentos e faixa salarial”, afirma. Prova disso é que 57,8% dos médicos estão em municípios com mais de 500 mil habitantes.
Ranking e perfil
Em 2021, quando o índice do Brasil era de 2,2 médicos para cada mil habitantes, o País estava à frente apenas de Peru, Índia, África do Sul e Indonésia. Três anos depois, com a média atual (2,81), já ultrapassou Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, China e México. O País avançou da 43ª posição (2021) para a 35ª, considerada a média de 2024.
Enquanto 35.398 médicos ingressaram no mercado de trabalho em 2023, 533 deixaram a profissão. Já na divisão entre homens e mulheres, o sexo masculino leva uma pequena vantagem, com 50,08%. São 288.473 médicos, com idade média de 47,4 anos. O número de médicas é de 287.457, o que corresponde a 49,92%, com idade média de 42 anos.
Publicado em 18/10/2024
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