Estadão – História de Matheus Lara e Cindy Damasceno
Decisões erradas do PSDB nos últimos anos ajudam a entender a expressiva queda que o partido sofreu nas eleições de 2024 na avaliação do presidente tucano, Marconi Perillo.
O partido ocupava o quarto lugar no ranking dos que mais elegeram prefeitos há quatro anos, com 532, e em 2024 fez apenas 272, quase a metade. No contexto de polarização entre lulopetismo e bolsonarismo, o ex-governador de Goiás avalia como um dos principais erros a artilharia mirada em Jair Bolsonaro (PL), sobretudo em São Paulo.
“A gente começou a bater só em Bolsonaro e deixamos de bater no PT, que é nosso adversário histórico. Isso incomodou muito nosso eleitor, que então migrou para o bolsonarismo de vez, achando que estávamos fazendo o jogo do PT”, disse Perillo ao Estadão. “Bater só em Bolsonaro foi um erro. Acabamos perdendo nosso eleitor mais conservador.”
O dirigente também citou a escolha de não lançar candidatura própria em 2022 como crucial para o declínio da sigla em representação no Congresso Nacional.
Os tucanos viveram momento de crise interna depois das prévias em que o ex-governador de São Paulo João Doria (sem partido), à época no PSDB, foi escolhido para disputar a Presidência. Doria venceu, mas desistiu da candidatura tempos depois.
Os tucanos, então, decidiram apoiar Simone Tebet (MDB) para a Presidência. “Fomos reduzidos a 13 deputados federais e um senador por conta dos ataques que sofremos em São Paulo. Tem sido uma luta árdua, mas fértil. É hora de recomeçar, percebo um ânimo novo”, disse Perillo.
O desempenho do PSDB em 2024 tem sido avaliado a partir dos fracassos em São Paulo: na capital, a candidatura a prefeito de José Luiz Datena ficou mais marcada por uma cadeirada do que pela competitividade ou pela votação obtida no primeiro turno (111.733 votos, 1,84% do total); na Grande São Paulo, a sigla comandará apenas um dos 39 municípios. Por outro lado, o partido comemora vitórias em Pernambuco, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
De acordo com Perillo, a ressaca das eleições tem sido um retorno ao planejamento no diretório nacional tucano. Além de avaliar caminhos para atrair novas lideranças competitivas para 2026, o partido terá reuniões para discutir a possibilidade de fusão com outras siglas ou para, ao menos, tentar aumentar a federação hoje formada com o Cidadania.
“Vamos avaliar o que é melhor para o conjunto de partidos menores. Buscaremos, em decisão com o Cidadania, aumentar nossa federação, vamos avaliar se dá para fazer fusão ou se não dá. Isso tudo está no radar”, disse o presidente. Possibilidades de fusão vêm sendo discutidas com siglas da centro-esquerda à centro-direita, como o Solidariedade, o PDT e o Podemos.
Publicado em 31/10/2024
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