JOVENS

Geração “nem-nem”: jovens e adultos que não estudam nem trabalham podem ser um problema para a família.

 

Segundo levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego sobre a geração “nem-nem”, composta por jovens e adultos que não estão nem trabalhando, nem estudando, o Brasil passou de 4 milhões de pessoas entre 14 e 24 anos nesta situação, no 1º trimestre de 2023, para 5,4 milhões, no mesmo período deste ano.

“Este grupo é dependente de seus pais e rede de suporte, tanto do ponto de vista financeiro como emocional”, diz Filipe Colombini, psicólogo parental e CEO da Equipe AT. “São indivíduos que têm grande dificuldade de conquistar autonomia, independência, de traçar um planejamento de vida e, consequentemente, não conseguem quebrar vínculos com seus pais e caminhar por si próprios”, conclui.

Ainda segundo o psicólogo, essas dificuldades remetem ao histórico da pessoa, já que muitos não recebem, desde a infância, o devido suporte para que possam desenvolver habilidades para conviver em sociedade e se tornarem autônomos, seguindo suas próprias vontades, construindo suas relações, famílias e projetos. “Eles sofrem a ausência de uma rotina ativa enriquecida, tanto a nível pessoal como profissional”, observa Filipe.

Situação causa sofrimento para os pais

E, ainda, muitos não podem descansar ou fazer planos de viagens, se dedicar aos netos, porque são obrigados a trabalhar para sustentar os filhos.

“Do ponto de vista dos pais, é extremamente desafiador viver com alguém que não vivencia as consequências dos seus próprios comportamentos”, diz Colombini.

Colombini relata que muitos pais o procuram em função da dependência que estes jovens e adultos têm com eles. “Muitos genitores estão em fase de aposentadoria e acabam tendo despesas com estes filhos, que já deveriam ser independentes, o que acarreta problemas financeiros no lar e até mesmo os priva de ter uma velhice plena e saudável”, diz o psicólogo. A situação ainda gera ansiedade entre os genitores, que podem se deparar com pensamentos do tipo “e se eu morrer, quem vai cuidar do meu filho?”, podendo até mesmo levá-los a desenvolver transtornos mentais.

Publicado em 19/07/2024

Sobre o autor

Patricia Amaral