Conselho Estadual da Mulher, com apoio da Assessoria Adjunta de Atividades Culturais da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), lançou a campanha 21 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência contra a Mulher na manhã desta segunda-feira, 20. O evento teve lugar no auditório 2 da Casa de Leis.
O lançamento contou com a participação de diversas autoridades. Entre elas, a superintendente da mulher do Estado de Goiás, Mariana Gidrão, que destacou as ações voltadas ao enfrentamento da violência contra mulher e políticas públicas. “Os 21 Dias de Ativismo vem justamente mostrar o que tem sido feito e divulgar programas, projetos e serviços que valorizam e auxiliam as mulheres que estão em situação de violência a saírem desse ciclo tão complexo”, enfatizou.
A superintendente falou sobre o protocolo “Todas Por Elas” lançado este ano pelo Governo de Goiás, que estabelece ações diante de agressões e violências praticadas contra mulheres e meninas em estabelecimentos comerciais, hotéis, bares, restaurantes, casas noturnas, eventos abertos aos públicos e similares. Mariana também deu ênfase no Programa Goiás por Elas, que visa o rompimento do ciclo de violência contra mulher. “Essa iniciativa é voltada para as mulheres em situação de vulnerabilidade com medida protetiva ativa e inscrita no Cadastro Único. Ela consiste em um repasse de R$ 300 por mês feito pelo Governo e também o acesso aos programas sociais do Estado que ofertam benefícios com descontos em contas de água, energia, aluguel e cursos de capacitação profissional. Tudo isso para auxiliar e empoderar essa mulher para que ela tenha suporte e saia do ciclo de violência.”
Gestora de cultura da Assembleia Legislativa, Ana Rita de Castro, que também é presidente do Conselho Estadual da Mulher, salientou que a campanha “21 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência contra a Mulher” começou hoje em todo o Brasil e segue até o dia 10 de dezembro. Ela lembrou que a programação se inicia justamente em 20 de novembro, data em que se celebra o Dia da Consciência Negra e a razão disso é que no Brasil as mulheres negras são as principais vítimas de violência e feminicídio.
“Esse evento é muito importante, pois estamos aqui debatendo os tipos de violência que as mulheres enfrentam e o que pode ser feito para mudar essa triste realidade. Vale destacar também que essa campanha tem cunho social e, até o dia 10 de dezembro, o Conselho Estadual da Mulher irá arrecadar os produtos de higiene pessoal, como absorventes, creme dental, sabonete, entre outros”, informou Ana Rita. Esses itens serão distribuídos para mulheres em situação de vulnerabilidade social e podem ser entregues na sede do conselho que fica na Av. Anhanguera, 3463 – Setor Leste Universitário.
Dados
O Brasil registrou 722 feminicídios entre janeiro e junho deste ano, 2,6% a mais do que os 704 casos dessa natureza contabilizados no País no primeiro semestre de 2022. Os dados são do levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) com base em dados das secretarias estaduais de Segurança Pública divulgados na última semana.
A titular da Delegacia Estadual de Combate à Violência Contra a Mulher em Goiás, Ana Elisa Gomes, pontuou que o Estado de Goiás também tem apresentado números expressivos em relação a violência contra mulher. “Tem sido uma luta constante para a redução desses números, mas é bom frisar que nós estamos empenhadas a fazer com que as mulheres denunciem mais, busquem ajuda, procurem a delegacia. O importante é que a gente consiga conduzir essas investigações em tempo ágil para que essas mulheres não tenham a sensação de que os crimes registrados não tenham a devida apuração”, ressaltou.
Por sua vez, a médica Marta Maria Alves, que atua no Núcleo de Vigilância de Violências e Promoção da Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia e no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, também apresentou dados que abordaram a magnitude da violência contra a mulher no Brasil. “Uma mulher que sofre violência dentro de casa, o que, na maioria das vezes, é cometida pelo parceiro, tem sete vezes mais risco de morte por qualquer causa. Ela tem 30 vezes mais chance de cometer suicídio e 20 vezes mais chance de ser assassinada. As mulheres expostas à violência têm oito vezes maior índice de morte do que a população em geral”, disse.
A deputada federal Adriana Accorsi (PT) também esteve presente e destacou seu descontentamento com o levantamento divulgado na última semana que apontou o crescimento dos feminicídios no primeiro semestre do ano.
Publicado em 20/11/2023