No dia 27 de setembro, o Brasil celebra o Dia Nacional de Doação de Órgãos, uma data que destaca a generosidade e solidariedade de indivíduos que optam por salvar vidas através da doação.
A Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) chama atenção para a data e para a necessidade de conscientização da sociedade sobre a importância da doação, fomentando as discussões que possam contribuir para aumentar o número de doadores.
Atividades educativas, campanhas de sensibilização e informações precisas são estratégias fundamentais para superar mitos e barreiras culturais, que, muitas vezes, impedem que as pessoas se tornem doadoras.
As concessões podem ser feitas por doadores vivos (que podem doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões), e doadores não vivos (que podem doar rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado, intestino, córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias).
No caso de doadores vivos, podem doar, conforme o Ministério da Saúde (MS), pessoas maiores de idade e juridicamente capazes, saudáveis e que concordem com a doação. Podem ser doadores, segundo a legislação, parentes até o quarto grau e cônjuges. Para pessoas não aparentadas, é exigida autorização judicial. Além disso, o MS afirma ser preciso realizar a avaliação da história clínica do doador, bem como de doenças prévias e da compatibilidade sanguínea com o paciente que irá receber a doação.
O diálogo aberto e sincero entre familiares e amigos também é um componente-chave.
Já para doadores não vivos, é necessária a autorização familiar, visto que a informação registrada no documento de identificação deixou de ter validade, foi instituído no Brasil, por meio da Lei nº 11.584/2007, o Dia Nacional da Doação de Órgãos.
Neste contexto, a Alego assume um papel proativo na promoção da doação de órgãos no Etado de Goiás. Por meio de iniciativas, como audiências públicas, discussões em plenário e aprovação de projetos de lei, o Parlamento estadual tem trabalhado para criar um ambiente favorável à doação e conscientização da população.
Estatísticas
De acordo com o Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG), referência nos serviços de transplantes em Goiás, o número de doações efetivadas ainda é pequeno. A unidade de saúde evidencia que, conforme levantamento, de 41 casos de doações elegíveis, apenas 13 situações foram, de fato, concretizadas.
O HGG realiza cirurgias de transplante desde o ano de 2017 e pontua que, até agosto de 2023, 805 transplantes renais foram realizados na unidade, o que representa, segundo o Governo Estadual, 92% dos procedimentos registrados em Goiás.
Lista de espera
O Ministério da Saúde evidencia que o Brasil é referência na área de transplantes, sendo o 2º maior transplantador do mundo, com maior sistema público de transplantes. A lista de pacientes que aguardam por doadores compatíveis é atualizada diariamente e disponibilizada para consulta pública (veja neste link). Atualmente, conforme dados da plataforma, mais de 40 mil pessoas esperam por transplantes de órgãos no País.
O maior número de demanda é voltado para o transplante de rim (+ de 37 mil), seguido de fígado (+ de 2 mil) e coração (+ de 380). Em Goiás, conforme dados da Central de Transplantes do Estado, até a presente data, mais de 1.500 pessoas aguardam por uma córnea, mais de 400 esperam por um rim e 13 encontram-se na lista na espera por um fígado.
“Um transplante de órgão é indicado apenas em situações complexas, quando há realmente falência (do órgão), sem a possibilidade de recuperação de suas funções”, pontua o médico cirurgião Luiz Gustavo Guedes Diaz. Especialista em transplante de fígado, o profissional explica que a fila de espera é muito complexa. “Às vezes, têm muitos doadores em poucos dias. Já em outros, ficamos semanas sem conseguir pessoas compatíveis”.
Recomeço
Um caso de sucesso e, sobretudo, de amor e humanidade, é exposto por Manoel de Oliveira Neto, neto do ex-deputado goiano Mané de Oliveira. Diagnosticado com insuficiência renal crônica, aos 20 anos de idade, quando foi parar em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), realizou, por quatro meses, de agosto a dezembro de 2008, 49 sessões de hemodiálise.
Ao acompanhar de perto a luta do enteado, a madrasta de Manoel Neto, Martha Karina Ferreira Arraes Oliveira, foi em busca de outras alternativas e descobriu que poderia doar um de seus rins para o rapaz. “Nossa compatibilidade foi de 17%, apenas. Disseram que ela iria desperdiçar o seu órgão”, contou Manoel Neto.
Diante do fim da esperança, encontraram, portanto, uma luz. “A gente estava praticamente desistindo, quando um médico que tinha acabado de voltar de uma residência em São Paulo nos disse que, lá, os médicos realizam transplante de rim com até 7% de compatibilidade e que poderíamos efetuar o procedimento sem problemas”, relatou.
Conscientização
A orientação passada pelos profissionais de saúde é para que as pessoas informem, em vida, aos familiares, o desejo e a permissão da doação de seus órgãos. “A maioria das famílias acabam não autorizando a doação por diversos motivos, como questão religiosa, por não conhecerem o sistema, dentre outros. A comunicação a respeito é uma atitude que facilita a decisão em um momento tão delicado para todos”, explica Dr. Luiz Gustavo.