Lula

Gestão de Lula tem rejeição de 62% dos evangélicos.

POR ALINE BOUHID

A revolução da fé no Brasil é imensa. O número de templos evangélicos no Brasil cresceu 228% ao longo de mais duas décadas, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com base no CNPJ dessas instituições. Em 1998, quando começou a pesquisa, havia 26,6 mil igrejas evangélicas no país ou 54,5% dos locais de culto. Até 2021, esse número saltou para 87,5 mil templos, sete em cada dez estabelecimentos religiosos registrados. O número pode ser maior, já que muitas casas de culto funcionam informalmente. E são para esses eleitores organizados e hierarquizados que o governo Lula precisa direcionar seu olhar.

Está passando da hora do governo federal buscar formas de chegar até eles. É preciso reconstruir pontes com diferentes denominações evangélicas, especialmente com aquelas mais pragmáticas e aquelas com as quais o governo Lula já se relacionou, como o Republicanos, ligado à Universal. A sigla esteve com Lula até 2018, e acabou rompendo apaixonadamente em um discurso quando o bispo Edir Macedo chegou a dizer na ocasião que o diabo tinha nove dedos. Depois, em tempos mais recentes, o bispo chegou a pedir desculpas pelas agressões, mas de lá para cá as conversas nunca mais foram as mesmas. De qualquer forma, da base de Lula são evangélicos que ele pode contar a ministra Marina Silva, a senadora Eliziane Gama, a deputada Benedita da Silva e o deputado Pastor Henrique Vieira, e eles precisam ser acionados.

A mais recente pesquisa Quest divulgada hoje, 6, mostra que a imagem do presidente Lula teve nova queda no nicho evangélico. A rejeição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre os evangélicos é de 62%. Esse é o maior patamar desde o início do terceiro mandato do petista. Em dezembro do ano passado, a avaliação do presidente neste grupo era negativa para 56% dos entrevistados.

Conforme o levantamento, a maioria (60%) acha que Lula exagerou ao falar sobre ações de Israel. Para outros 28%, porém, o presidente não se excedeu ao comparar a ofensiva israelense na Faixa de Gaza com a morte de judeus por Adolf Hitler. Essa nova rodada de pesquisas pode também refletir os atos da Paulista em apoio ao ex-presidente que reinflaram o apoio do segmento a Bolsonaro.

Não é surpresa que desde o início do mandato o presidente Lula tenha encontrado maior dificuldade de aceitação entre o público evangélico, já que a resistência vem desde a campanha eleitoral. Os evangélicos apoiaram em peso o então presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), que se associou a lideranças como o pastor Silas Malafaia e o bispo Edir Macedo.

Publicado em 06/03/2024